Mutação do coronavírus no Amazonas faz com que Reino Unido suspenda oficialmente voos do Brasil. A variante tem uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas e envolve mudanças na proteína Spike, responsável pela interação inicial com a célula humana
O Reino Unido anunciou oficialmente que irá barrar voos do Brasil por conta de uma nova variante do coronavírus. A proibição, anunciada nesta quinta-feira (14) pelo ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps, passa a valer já na sexta (15).
“Tomei a urgente decisão de proibir as chegadas (…) após a evidência de uma nova variante no Brasil”, disse Shapps em uma rede social.
Segundo o britânico, a suspensão também se estenderá a Portugal por conta de suas “fortes ligações com o Brasil”. Ele disse ainda que é uma forma de “reduzir o risco de importar infecções”.
A medida não vale para cidadãos britânicos que queiram voltar para a casa ou para estrangeiros com permissão de residência no Reino Unido, no entanto, o ministro de Transportes explicou que todos os viajantes que passarem por esses países deverão fazer um isolamento obrigatório de dez dias.
Na quarta, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já havia dito que o país buscava formas de se proteger de ‘variante brasileira’ do coronavírus.
A mutação do Amazonas
A variante do Amazonas tem uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas. Ela pode ter evoluído de uma linhagem viral que circula no estado desde abril do ano passado, e “ser representante de um vírus potencialmente de uma linhagem emergente no Brasil”, explicou a Fiocruz Amazônia. A variante envolve mutações na proteína Spike, que faz a interação inicial com a célula humana.
Essa nova variante carrega mutações que já foram associadas à maior transmissão, mas ainda não é possível afirmar se ela é mais transmissível ou não.
As mutações na proteína Spike chamam mais atenção porque elas podem afetar a transmissão do vírus, aumentando ou diminuindo. Quando essa mutação é prejudicial ao vírus, ela vai desaparecer, porque essa mutação não vai circular. As mutações neutras, que não dão vantagem ao vírus, são maioria. Porém, há essas que aparentemente dão vantagem ao vírus e são com essas que temos que ficar mais preocupados.
A linhagem amazônica parece ter evoluído a uma taxa constante entre abril e novembro de 2020 e nenhuma das sequências aqui obtidas exibiu um número tão alto de mutações na Spike ou em qualquer outra região genômica.
Os estudos realizados até agora mostram que mesmo as variantes do vírus são bloqueadas pela ação da vacina, pelos anticorpos desenvolvidos em função do imunizante.
Porém, caso ocorra uma mutação significativa na proteína Spike, ela poderá causar um impacto no processo de vacinação. Esse fenômeno é chamado de escape vacinal e precisa ser caracterizado o mais rápido possível para que as vacinas sejam readequadas para conter essas variantes. A hipótese dos pesquisadores atualmente é que talvez tenhamos de conviver com o coronavírus como uma outra virose endêmica.
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