Jéssica Paulo do Nascimento, que denunciou o tenente-coronel Cássio Novaes, foi exonerada pela Polícia Militar, após decidir largar a carreira
Após denunciar o tenente-coronel Cássio Novaes por assédio sexual e ameaças de morte, no final de abril, a soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 28 anos, resolveu deixar a carreira na Polícia Militar. Ela foi exonerada nesta quarta-feira (26), de acordo com reportagem de Juliana Steil, no G1.
Jéssica afirmou que a decisão foi motivada pela forte pressão que sofreu dentro da corporação, em consequência da repercussão do caso.
A agora ex-soldado estava lotada no 45º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Porém, a denúncia decorre de fatos referentes à época que ela atuava na capital paulista.
Após a denúncia, o tenente-coronel Cássio Novaes foi afastado do comando do batalhão onde estava e a apuração dos fatos está sendo conduzida pela Corregedoria da PM, sob segredo de Justiça.
Jéssica relatou, em entrevista ao G1, que tomou decisão de deixar a PM, em função da pressão que passou a sofrer no trabalho. “Pensei que denunciando eu teria alguma paz, mas foi diferente. Sofri uma pressão muito difícil”, conta.
Ela relata que foi desarmada, foi obrigada a trabalhar na rua à noite, mesmo denunciando ameaças de morte, teve negado pedidos de transferência, além de sofrer chantagem em relação às férias. Ela diz que foi avisada que poderia tirar férias “depois que pedisse baixa”.
“Foi uma decisão difícil. Eu saí do meu estado, Rio de Janeiro, para realizar esse sonho em São Paulo. Logo agora que tomei coragem para expor o que passava, não tive mais paz”, ressalta.
Jéssica ainda tentou, em abril, pedir afastamento por questões psicológicas. No entanto, o médico da PM disse que “só lhe daria alguns dias se o comandante dela autorizasse”.
Além de todas essas perseguições, Jéssica ainda respondeu a quatro advertências por conceder entrevistas públicas a respeito da denúncia de assédio sexual e ameaças de morte.
“Saio com ótimo comportamento, não respondendo a processos. Se eu ficasse, eu iria tomar advertência atrás de advertência e seria expulsa, manchando minha reputação”, acrescenta.
Ela reafirma que tem provas em áudio e texto de todas as suas afirmações e justificativas para ter deixado a corporação. Jéssica relata que usará todo o material para ingressar com uma ação na Justiça contra o Estado.
O que diz a PM
A Polícia Militar, em nota, diz que recebeu a denúncia e “imediatamente instaurou um inquérito policial militar para apurar rigorosamente os fatos. O oficial foi afastado do comando do batalhão e a investigação é conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar”.
A PM destaca, ainda, que “o pedido de exoneração é de autonomia exclusiva de um policial militar e dentro dos trâmites administrativos legais”.
Em relação às advertências que Jéssica recebeu, a PM informa que “quaisquer punições administrativas, quando aplicadas, seguem o rito legal e o direito constituído à ampla defesa preceituado no Regulamento Disciplinar da Policia Militar (RDPM)”.
Por fim, sobre o pedido de licença médica, quando ela ainda estava na ativa, a PM diz que “afastamentos médicos seguem critérios profissionais e são elencados sob o crivo dos Conselhos de Medicina”. (Revista Fórum)
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