Era uma manhã não muito comum em Paulo Afonso, céu nublado, dia frio, vento gelado, e mais uma notícia vinda dos corredores da prefeitura: Clebson Moreno, secretário de Comunicação, pediu afastamento. A carta, seca mas honesta, dizia mais do que os comunicados oficiais: ausência de diálogo, falta de planejamento, nenhuma autonomia, equipe desvalorizada, e o mais grave, um governo que não respeita a imprensa. Faltou dizer: um governo que também não respeita o povo.

A saída do secretário não é um caso isolado. Um mês antes, o titular da pasta de Infraestrutura, William Campos, já havia saltado do barco. E é isso mesmo que parece: um navio à deriva, onde os tripulantes mais conscientes abandonam o convés antes que a embarcação afunde de vez.

Em apenas seis meses, o governo do prefeito Mário Galinho coleciona tropeços como quem coleciona selos: com cuidado, com método, embora o método seja justamente o da desorganização. É um paradoxo: como se pode errar tanto, em tão pouco tempo, e com tanta convicção?

A população, antes esperançosa, hoje caminha de cabeça baixa pelas ruas, murmurando o nome do prefeito com uma mistura de decepção e desdém. O mesmo Galinho que subiu ao poder vendendo a promessa da mudança, hoje se esconde atrás de muros altos e agendas opacas, como se governar fosse um favor e não uma obrigação.

Falta comando, falta projeto, falta humildade. Falta ouvir. Um governo que não dialoga, que não se planeja, que repele os próprios aliados, torna-se refém do improviso. E o improviso, como se sabe, é péssimo gestor. Vira manchete negativa, cria crise onde havia solução, e transforma aliados em desertores.

E enquanto os secretários pulam fora, o povo fica. Fica porque não tem escolha, porque vive aqui, porque acredita, apesar de tudo, que a cidade merece mais. Paulo Afonso merece mais.

O que esperar de um governo assim, senão a repetição do erro? O que esperar de um gestor que não lidera, mas comanda por impulsos, senão a estagnação? O que esperar de uma gestão imprudente e desgovernada, senão o desgaste inevitável que chega antes mesmo da metade do mandato?

Talvez, ainda haja tempo de corrigir o rumo. Talvez. Mas é preciso mais do que discursos e desculpas. É preciso coragem para reconhecer erros, disposição para mudar e, sobretudo, compromisso real com a cidade. Porque Paulo Afonso não pode mais esperar.

O tempo corre, o barco balança… e o povo observa.