A acusação do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) foi de homicídio triplamente qualificado: motivos fútil, por meio cruel e de forma que impossibilitou a defesa da vítima. Edjane Gomes da Silva foi condenada a 26 anos de prisão por ter assassinado o filho de 5 anos, Gabriel Gomes da Silva. Ela deixou o salão do júri, na noite dessa sexta-feira (1), e foi encaminhada para o Presídio Feminino Santa Luzia. 

O julgamento de Edjane Gomes da Silva aconteceu na 3ª Vara Criminal de Rio Largo (AL) e teve o promotor de justiça Wesley Fernandes no papel da acusação. Durante todo o dia, o representante do MPE/AL mostrou ao Conselho de Sentença que a ré não demonstrou qualquer arrependimento pela morte do filho. 

"Ela até negou o assassinato e a defesa tentou desqualificar o crime para maus tratos seguido de morte. Entretanto, as provas nos autos mostraram que foi a própria mãe quem matou, sim, a criança. Ouvimos várias testemunhas e até os outros dois filhos confirmaram o comportamento agressivo dela com o menino. O Gabriel foi agredido seguidamente por três anos, até perder a vida. Inclusive, uma das causas da morte foi a Síndrome da Criança Espancada", explicou Wesley Fernandes.

"Também é importante informar que ficou atestado em laudo médico que a acusada é psicopata. Volto a dizer que em momento algum do julgamento ela demonstrou qualquer remorso, arrependimento. Foi muito triste. Mas, pelo menos, foi feita a justiça com a condenação da ré a 26 anos de prisão. Só sinto porque o resultado desse júri não tem a capacidade de trazer o Gabriel de volta", declarou o titular da 3a Promotoria de Justiça de Rio Largo.

O julgamento foi presidido pelo juiz Galdino José Amorim Vasconcelos.

As testemunhas

Durante a sessão do júri, algumas testemunhas convocadas pelo Ministério Público foram ouvidas. Tamires Gomes da Silva e Cleonice da Silva, que eram conhecidas da acusada, confirmaram que chegaram a criar o Gabriel por dois anos. Depois disso, Edjane pediu a criança de volta. Teria sido a partir daí que o garato começara a ser espancado com frequência. Segundo as testemunhas, a ré não tinha qualquer paciência com o filho e por isso o agredia tanto, deixando-o sempre com hematomas e marcas das agressões.

Dois filhos de Edjane também foram ouvidos. O de 13 anos contou que a mãe batia no irmão mais novo com cabo de vassoura e o deixava com fome. Já o de 15 anos, admitiu que a genitora dava chutes na barriga de Gabriel, e isso também teria acontecido no dia da morte da criança. Ele ainda informou que a acusada tinha o costume de deixar o menino preso no quintal de casa, muitas vezes, durante horas pela madrugada.

No dia da morte de Gabriel, Edjane cometeu mais uma covardia contra o filho. “Ao invés de ter tido os cuidados necessários que uma mãe deveria proporcionar ao seu próprio filho, ele foi agredido até a morte. Inclusive, foi colocado dentro de uma caixa d’água, no sereno, em pleno inverno, uma situação que o levou a óbito”, explicou Wesley Oliveira. 

O laudo do hospital no qual a criança foi socorrida confirmou morte por insuficiência respiratória, distúrbio hidroelétrico, desidratação por infecção gastrointestinal e desnutrição. O crime foi registrado em 14 de agosto de 2014.

O que disse a ré

Edjane Gomes da Silva até reconheceu que dava chutes em Gabriel, mas alegou que tais agressões não seriam capazes de tirar a vida da criança. 

Ela ainda admitiu que costumava deixar a criança de castigo e disse também que batia nos outros filhos.