Com Geraldo Alckmin tímido nas pesquisas, grupo conservador defende Bolsonaro, enquanto líderes da sigla repudiam o capitão


Cada vez mais desacreditado de uma possível vitória de Geraldo Alckmin nas eleições 2018, alas do PSDB divergem entre si sobre apoio a candidatos no segundo turno. Tucanos temem, inclusive, um grande racha: enquanto líderes da sigla consideram a aproximação com Bolsonaro um “equívoco”, grupo conservador considera apoio ao candidato do PSL.
“Vou ser leal ao Geraldo até o último dia, mas, se ele não for para o segundo turno, sou anti-PT e vou encaminhar na bancada o apoio ao Bolsonaro”, disse o deputado Nilson Leitão (MT), líder do PSDB na Câmara, ao Estadão.
Nas redes sociais já existe um grupo de militantes que desafia a conduta dos líderes do PSDB, ainda contrários ao estreitamento da relação com o militar. Com o nome “Sou tucano e voto Bolsonaro”, o grupo no Facebook já conta com cerca de 7 mil integrantes.
“O Geraldo fez gestos à esquerda e se aproximou do MST e do MTST. Ele não é um candidato viável. Nunca foi. Por isso, meu voto é para o Bolsonaro”, disse Caíque Mafra, criador e administrador do grupo, filiado ao PSDB. Ele já chegou a tentar a direção da juventude do partido em 2017.
O sociólogo Fernando Guimarães, membro do diretório nacional do PSDB e coordenador da ala tucana Esquerda Para Valer (EPV), disse que a posição é resultado de um erro do próprio partido, na falta de critério na “filiação pela internet”. Guimarães pede a expulsão de Mafra da legenda:
“Se algum tucano se posicionar pró-Bolsonaro, não tem outro caminho a não ser a expulsão”, disse o líder da corrente, ligada ao senador José Serra (SP) e ao ex-senador José Aníbal.
Já o tesoureiro do PSDB, o deputado Sílvio Torres (SP), que é um dos coordenadores da campanha, os números adjacentes nas pesquisas podem indicar uma reviravolta. Para ele, a estratégia de atacar Bolsonaro nos últimos tempos tem surtido efeito.
“É preciso olhar os outros números da campanha. A alta rejeição do Bolsonaro, os 28% que podem mudar de voto e as mulheres. Esses são fatores que podem virar a eleição de cabeça para baixo”, avaliou.