Mil hectares de Caatinga estão sendo recuperados em 20 comunidades localizadas nos municípios de Juazeiro, Uauá, Curaçá, Sobradinho, Sento Sé, Remanso, Casa Nova, Campo Alegre de Lourdes e Pilão Arcado no território de identidade Sertão do São Francisco e Campo Formoso no território Piemonte Norte do Itapicuru. A iniciativa é do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

            A ação chamada de “recaatingamento” está sendo realizada em parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) e envolve aproximadamente 600 famílias (2.400 pessoas). O trabalho de recuperação consiste no isolamento de 50 hectares de mata, que é cercada para que a Caatinga possa rebrotar naturalmente, e, além disso, é feito o plantio de algumas espécies de plantas nativas. 

            O jovem agricultor Leandro Alves Rodrigues, que mora na comunidade de Sítio, em Sento Sé, é um dos entusiastas do recaatingamento: “A gente espera que o recaatingamento melhore a vida, tanto pra quem trabalha na área de caprino quanto na de apicultura, porque vai ter mais flor, a Caatinga vai estar mais fechada e terá mais comida para os animais. Vai melhorar também a fauna, porque os animais nativos estão acabando. A gente espera que volte a vida da caatinga devagarzinho”, afirma.  “Este vai ser um trabalho bom porque a gente vai aprender mais a preservar o nosso lugar”, salienta a agricultora Marisa de Almeida, que também mora na comunidade de Sítio.

            Recaatingar é um conceito bem amplo, que envolve preservação e conservação de áreas em que, após o isolamento, são aplicadas várias técnicas de recuperação de solo, ações hidroambientais, contenção de voçorocas, bem como o plantio de mudas e semeadura.  Entre as etapas para o início das atividades de recuperação da Caatinga estão a mobilização das famílias, mapeamento da área de fundo de pasto, diálogo sobre questões ambientais e potenciais produtivos da comunidade. 

            “A ideia é que se desenvolva minimamente uma atividade produtiva no espaço para que esta área, além do apelo ambiental, tenha um apelo produtivo e que as famílias consigam manter esta área por muito mais tempo, por um período mínimo de 20 anos”, explica o técnico do Irpaa, Bruno Gonçalves da Silva. Além das ações de conservação da Caatinga serão instaladas fontes de água, a fim de construir uma área sustentável e implantadas tecnologias como fogões ecoeficientes, cisternas de placas e banheiros nas comunidades envolvidas.