Reportagem da revista Veja aponta que gabinete do vereador pagou mais de R$ 3 milhões em gratificações para supostos "funcionários-fantasmas"




O vereador Carlos Bolsonaro, filho do meio do presidente Jair Bolsonaro, concedeu polpudas gratificações a assessores suspeitos de participar de esquema de "rachadinhas", segundo reportagem publicada hoje (30) pela revista Veja. Um inquérito instaurado em agosto do ano passado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro apura a contratação de funcionários-fantasmas no gabinete de Carlos.

Dados obtidos pela revista reforçam as suposições de irregularidades. Além dos salários, os assessores ganhavam uma espécie de bônus que chega a até 80% da renda mensal de cada um. A distribuição desses extras já soma 3,035 milhões de reais no gabinete de Carlos.

Oficialmente chamadas de “encargos DAS”, as gratificações são dadas àqueles que o parlamentar escolhe para executar alguma tarefa adicional, como sentar-se à cadeira de uma comissão da Câmara, por exemplo. Não é necessária nenhuma justificativa ou prova de capacidade técnica, nem tampouco há controle de presença nas reuniões. Quem atesta a presença é o próprio “padrinho” do assessor.

De acordo com levantamento da Veja com base na Lei de Acesso à Informação, a assessora que mais recebeu gratificações foi Juciara da Conceição Raimundo, beneficiária da quantia de R$ 673.670. Ela esteve lotada no gabinete de Carlos por mais de onze anos e fez parte do grupo de nove assessores exonerados em dezembro de 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente. No entanto, até pouco tempo atrás ela morava em uma casa, de tijolo aparente, que divide espaço com uma oficina mecânica, em uma favela em Cordovil, bairro de classe média baixa na Zona Norte do Rio.

Procurado pela revista, o vereador não quis se pronunciar.