"Bolsonaro faz chacota sobre vacina e sapateia em cima da morte de um voluntário", criticou o deputado Alexandre Padilha



Parlamentares de partidos de oposição e ex-aliados do presidente Jair Bolsonaro anunciaram nesta terça-feira (10) a apresentação de requerimentos pedindo que o Ministério da Saúde e a Anvisa prestem informações sobre a suspensão dos ensaios clínicos da vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantã.

“Bolsonaro faz chacota sobre vacina e sapateia em cima da morte de um voluntário. Protocolei agora, no Congresso Nacional, convocação do Ministro da Saúde e da Anvisa para dar explicações sobre o que está acontecendo”, afirmou o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde.

Segundo o parlamentar, o requerimento pediu em caráter de urgência a convocação de membros da agência e do ministério para explicar à Comissão Externa da Câmara dos Deputados destinada a acompanhar o Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 (CEXCORVI) as motivações da suspensão. “Queremos saber quais os procedimentos estão sendo tomados”, declarou.

Líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), também anunciou que irá pedir a presença da Anvisa e do MS na Câmara. “Diante das controversas informações sobre a vacina envolvendo a Anvisa, pediremos a convocação do presidente da agência e do ministro da Saúde para que expliquem, na Câmara, essa gravíssima situação. Essa disputa política de Bolsonaro é uma sentença de morte para brasileiros!”, escreveu o parlamentar no Twitter.

Quem também se mobilizou para convocar Antonio Barra, presidente da Anvisa, foi a bancada do PSOL. “É urgente, portanto, que se esclareça à sociedade brasileira os compromissos da ANVISA, sobretudo diante da extrema gravidade do momento, em meio ao combate à pandemia, com as normas cientificas e técnicas que devem reger o procedimento de aprovação da vacina. Cada decisão equivocada pode custar milhares de vidas. É preciso que se explique ao Parlamento brasileiro e à sociedade as reais motivações para a paralisação das pesquisas”, pede a legenda.

Segundo a líder do partido, Sâmia Bonfim (PSOL-SP), a suspensão foi política. “Por conta de declaração de Jair Bolsonaro, dizendo-se ‘vencedor’ por conta da suspensão, a Anvisa embasa sua decisão numa questão política e não técnica. Justo nesse momento em que ultrapassamos a marca de 160 mil mortes de brasileiros na pandemia. Exigimos explicações da Agência a acerca dessa decisão e, por isso, queremos convocar o presidente do órgão à Câmara”, sustenta.

Outros dois requerimentos já haviam sido apresentados antes, mas ainda não pediam a convocação das autoridades. O primeiro que surgiu no sistema do Congresso Nacional sobre o tema é o RIC 1454/2020, apresentado pelo líder da Minoria na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE).

No documento, o parlamentar apresenta uma série de questionamentos ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a suspensão dos testes. “O mundo inteiro aguarda ansiosamente a vacina para o combate ao COVID-19, e nesse momento crucial, o governo brasileiro age como se a vida das pessoas fosse objeto de disputa eleitoral. Irresponsabilidade! Absurdo”, diz Guimarães no pedido.

O segundo – RIC 1458/2020 – foi apresentado pela deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo Bolsonaro. A parlamentar classifica a suspensão dos testes como um “episódio lamentável” e destaca que “a ANVISA, após tomar a decisão, sequer informou maiores detalhes acerca da suspensão, mesmo após convidada a se manifestar pela imprensa nacional”.

“Causa-nos estranheza o fato apontando por alguns veículos de comunicação, que a decisão da ANVISA, ocorre no mesmo dia em que o
Governador de São Paulo, João Doria, anunciou que as primeiras doses da
CoronaVac chegarão em Guarulhos no dia 20.11.20. Fatos interligados ou não, o Presidente Jair Bolsonaro comemora a decisão da ANVISA, ao responder uma pergunta de um seguidor nas redes sociais”, argumenta.


URGENTE Bolsonaro faz chacota sobre vacina e sapateia em cima da morte de um voluntário. Protocolei agora, no Congresso Nacional, convocação do Ministro da Saúde e da Anvisa para dar explicações sobre o que está acontecendo