Segundo relatos, líderes evangélicos afirmam aos povos tradicionais que o imunizante "vem junto com um chip, que tem o número da besta"



Assistentes sociais e ativistas das causas indígenas denunciaram ao jornal Deutsche Welle Brasil, em reportagem publicada nesta sexta-feira (29), que pastores e membros de igrejas evangélicas têm orientado moradores da Terra Indígena Araribóia, na Amazônia maranhense, a não se vacinarem contra a Covid-19.

Segundo eles, o imunizante “não é de Deus”. As mentiras sobre a vacina estão sendo disseminadas através de áudios e vídeos pelo celular.

“Há pastores orientando os parentes [como indígenas se chamam] para que não tomem a vacina, porque ‘não é de Deus'”, afirma Nara Baré, coordenadora-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Na Terra Indígena do Vale do Javari, também na Amazônia, a situação se repete. Segundo Beto Marubo, da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, “aldeias já disseram à Sesai que não irão aceitar a vacina”.

Segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena, mais 41 mil indígenas já se infectaram com a Covid-19 no país, sendo que 541 morreram. O número, no entanto, é ainda maior, já que a pasta não contabiliza indígenas que vivem fora das aldeias.