Lira reforça que "falta circunstância" para aprovar um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro




O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), avalia que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid "não vai trazer efeito algum". O parlamentar - que classifica o colegiado com um "erro" - diz não acreditar que a comissão esteja apontando caminhos importantes.

Em entrevista ao jornal O Globo, Lira reforçou críticas contra a instalação da CPI durante o combate à pandemia. Segundo ele, diante das dúvidas que ainda existem sobre a doença, não dá para "apurar crime de guerra no meio da guerra". O parlamentar ainda criticou a polarização política que a comissão vem apostando.

Apesar das denúncias feitas na comissão de atraso na compra de imunizantes, Lira defende que não houve atraso na compra de vacinas da Pfizer. "Participei das conversas com a Pfizer, numa reunião em fevereiro com o Rodrigo Pacheco, o (Paulo) Guedes, o general (Luiz Eduardo) Ramos e o presidente Bolsonaro. Naquela época, não tinha autorização da Anvisa e achavam que o contrato era leonino. O que dissemos? Se tem dinheiro, se tem empenho, se o mundo todo está assinando esse contrato... Então, faça", contou. Segundo ele, mesmo que o governo tivesse adquirido os imunizantes antes, a quantidade de doses não era o suficiente. "Ajudaria muita gente. Mas resolveria o problema da pandemia?", perguntou.

Na visão do deputado, tal posicionamento não quer dizer que não é importante salvar vidas. "Estou dizendo que não é a salvação da pandemia. Qualquer vida é importante. Salvar uma vida é bom demais. Agora, não sou governo. A minha atuação nisso foi fazer com que assinassem", afirmou.

Impeachment

Seguindo o discurso adotado nas últimas entrevistas, Lira reforça que "falta circunstância" para aprovar um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro. "Falta um conjunto de coisas", pontuou. Para ele, a não aprovação de pedido de impeachment não "falta com respeito" com nenhuma vítima da covid-19 no Brasil, que já ultrapassa de 500 mil. "499 mil, 501 mil, são todas significativas como uma vida. Pelo amor de Deus! O que estou dizendo é que o impeachment não é feito só disso", ponderou.

Eleições de 2022

O presidente da Câmara ainda reforçou a descrença na construção de uma terceira via para o Brasil nas eleições de 2022. "Não tem condição. No Brasil, nunca houve isso", afirmou. Ao analisar as últimas eleições presidenciais, Lira avaliou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é um "player importante" no pleito do ano.

Apesar de não declarar explicitamente, Lira sugere que a disputa de 2022 deve ter protagonismo petista também. "Foi Collor e Lula (em 1989), depois anos de Lula contra o PSDB e a Dilma também (contra o PSDB). E, em 2018, o Bolsonaro substitui o PSDB na disputa com o PT. O PT está sempre lá. Por que não estaria nessa?", afirmou.

Fonte: Estadão Conteúdo