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A prefeita de Eunápolis, Cordélia Torres (União Brasil) está fechada com o ex-prefeito de Salvador or ACM Neto, pré-candidato do partido dela ao governo estadual, mas, a despeito de também afirmar que a eleição não deve ser nacionalizada, apoiará a reeleição do presidente da República Jair Bolsonaro (PL), seguindo, segundo ela, a tendência do eleitorado do município que administra.

Nesta entrevista exclusiva, Cordélia declara que tem uma boa relação com o governador Rui Costa (PT) e ressalta que uma relação de respeito permite que ela consiga, também via governo estadual, recursos para Eunápolis. “Eu não faço curvas e eu não não me curvo a caprichos”, diz, ao comentar denúncias da oposição ao governador segundo as quais o petista estaria condicionando a assinatura de convênios com o governo estadual ao apoio ao pré-candidato do PT à sua sucessão, Jerônimo Rodrigues.

Cordélia Torres, que é a primeira mulher a governar o município do Extremo Sul, também fala da organização da festa de São João e São Pedro, acrescentando que só foi possível programar 19 dias de festejos devido aos cuidados com as contas públicas e ainda por não ter fechado o comércio na cidade durante o enfrentamento à pandemia da Covid-19. Ela conversou com este Política Livre na quarta-feira (25), quando esteve em Salvador para fazer o lançamento das festas de São João e de São Pedro, o “Pedrão”.

Confira a entrevista:

Política Livre – São dois anos sem festas de São João e São Pedro e a senhora lança hoje uma programação extensa de festejos na cidade. Como avalia esse momento?

Cordélia Torres – Eunápolis vive uma nova história, uma nova política. Nós passamos dois anos sem festa alguma por conta da pandemia que assolou o mundo todo e é mais do que justo que agora, em 2022, após combatermos a Covid com o trabalho da vigilância sanitária, de toda a equipe da força tarefa em Eunápolis que nos permitiu controlar os casos na cidade, isso nos permite, com muita responsabilidade, fazer um evento como este. Imagine que serão 19 dias de festas, com 15 dias de São João nos bairros. Antes eram três dias de Pedrão e agora são cinco dias que vão ajudar muito a fortalecer o comércio local e o regional porque nós temos ali pessoas de toda a região que vão para Eunápolis, indo para os hotéis da cidade, que vão ficar superlotados, mas também para hotéis das cidades vizinhas. Vamos gerar aproximadamente cinco mil empregos. No comércio local, a expectativa é que circule em torno de R$ 50 milhões – falam em R$ 100 milhões, mas eu prefiro ser mais cautelosa.

E quantas pessoas a cidade deve receber nesses dias de festa?

Temos uma expectativa de aproximadamente cem mil pessoas diariamente. Essa é a nossa expectativa. Isso vai ajudar muito a cidade. Eu sei que muitos, por conta da pandemia, tiveram alguns prejuízos, mesmo sabendo que nós não fechamos comércio, nós mantivemos o comércio aberto, usando a força tarefa para o enfrentamento da Covid, conscientizando, orientando as pessoas. A expectativa é muito grande de poder aproximar as famílias, trazer entretenimento, alegria, festa e grandes cantores.

A senhora falou dos prejuízos das pessoas, mas os municípios passaram por crise devido à pandemia, com queda de arrecadação. Como é que a Prefeitura conseguiu viabilizar essa duas festas? Tem participação da iniciativa privada ou somente recursos municipais?

Nós temos uma preocupação muito grande com a saúde financeira do município. Imagine que nós estamos com 17 meses de governo e nós pagamos antecipadamente os salários. Dia 25 começa o pagamento no município, então significa que a gente tem condições, com planejamento, de chegar até aqui e fazer essa grande festa, esse mega evento.

A região de Eunápolis é vista como bolsonarista, que apoia o presidente Jair Bolsonaro. Como a senhora se posiciona nas eleições desse ano tanto estadual quanto nacionalmente?

Política para mim é algo que eu levo com muita seriedade, com muito respeito. Eu falo que a voto não é obrigação, voto realmente é uma conquista e eu vejo que a gente busca não nacionalizar [a eleição] em Eunápolis. Nós temos eleitores do ex-presidente [Lula], nós temos eleitores do Bolsonaro, mas nós não podemos fugir da linha, a gente tem que ter uma, a gente tem que ter um posicionamento, pois ficar em cima do muro não pode, em cima do muro fica até feio. Mas hoje a preferência em Eunápolis é realmente o presidente Jair Bolsonaro e o nosso governador ACM Neto. Já temos uma história de muitos anos e a gente faz questão de potencializar e de dar a melhor votação a ACM Neto, que será nosso governador.

A oposição diz que prefeitos estão sendo coagidos a manter o apoio ao candidato do PT na Bahia [Jerônimo Rodrigues] em troca de convênios [com o governo estadual]. O próprio pré-candidato ACM Neto criticou essa suposta posição do governador Rui Costa. Como a senhora vê essa situação?

Eu sou uma pessoa que tem uma linha só, eu não faço curvas e eu não não me curvo a caprichos. Eu tenho uma relação boa [com o governador]. Eu sou oposição, ganhei a eleição no grupo de ACM Neto, mas eu tenho acesso (ao governo). O próprio governador tem respeito por mim; as coisas que eu busco eu consigo também porque eu acredito muito na forma de você pedir – a política ela tem que ser tratada com respeito. É assim com o nosso próximo governador [ACM Neto], seja qual for o presidente, ele vai governar com qualquer um que seja. E eu, como prefeita, tenho que buscar as conquistas para Eunápolis independentemente de qualquer governador, independentemente de qualquer presidente, eu tenho que buscar para Eunápolis, cuidar de Eunápolis e exigir respeito por essa Eunápolis que, eu diria assim, é a capital do extremo sul. Eu costumo falar que Porto Seguro é a “área gourmet” de Eunápolis. Eunápolis é comércio, serviço. Eunápolis é muito forte, é uma cidade com muito potencial, tem um corredor de desenvolvimento cortado por duas BRs – a BR 101 e BR 367. Então, não tem como não exigir respeito com Eunápolis, exijo e busco de uma forma muito respeitosa também porque eu acredito que a boa política é a troca de respeito e, quando se tem respeito, tem uma boa convivência.

Por: politicalivre.com.br