Hoje, uma a cada 2,6 pesquisas é questionada na Justiça.


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Um levantamento feito pelo jornal Estado de S. Paulo aponta que 21 pesquisas sobre o cenário eleitoral da Bahia já foram questionadas na Justiça. Segundo o diário paulista, do dia 1.º de janeiro a 30 de agosto de 2022, o volume de processos com esse objetivo em todo o País saltou 582% na comparação com o mesmo período de 2018.

O levantamento foi feito a partir de dados dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na Bahia, o caso mais polêmico foi o pedido do PT - partido do candidato ao governo, Jerônimo Rodrigues - para suspender a pesquisa Datafolha, contratada pela Rádio Metrópole. Em outra representação na Justiça Eleitoral, a coligação liderada pelo candidato petista também contestou pesquisa do Ipec, instituto formado por ex-executivos do Ibope Inteligência. Os dois pedidos foram acatados liminarmente (provisoriamente), e depois as decisões para proibir a divulgação das sondagens de opinião foram revogadas.

Focos de reiterados ataques para desacreditar resultados, os instrumentos criados para oferecer esclarecimentos aos eleitores em disputas locais e nacional entraram na mira de partidos políticos. Além de subsidiar eleitores com informações, as sondagens têm efeito sobre as campanhas políticas, que podem usá-las como instrumentos de marketing. Nessa corrida, partidos e candidatos não querem ficar para trás. 

Há quatro anos, eram 73 ações relacionadas a pesquisas eleitorais em todo o país, ante ao menos 498 já ajuizadas em 2022 – um volume quase sete vezes maior. Na Justiça Eleitoral, o número de processos cresceu em um ritmo muito mais acelerado do que a quantidade de levantamentos realizados. Enquanto no mesmo período de 2018 foram feitas 697 pesquisas, neste ano a marca já ultrapassou as 1.300 sondagens eleitorais aplicadas em todo o País, quase o dobro.

Hoje, uma a cada 2,6 pesquisas é questionada na Justiça. As suspeitas são as mais diversas. Põem-se em xeque desde eventual falta de registro na Justiça Eleitoral a até supostos dados fraudulentos. Na avaliação do advogado constitucionalista Felippe Mendonça, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), o excesso de processos prejudica a democracia. “(A judicialização) enfraquece a lógica da segurança jurídica e a credibilidade das instituições públicas”, disse Mendonça. 

No País, Progressistas (76), PSDB (72), União Brasil (70) e PT (66) foram os partidos que mais questionaram pesquisas eleitorais neste ano, o que inclui também coligações locais como autoras de processos. O Nordeste lidera, com 283 ações, e os processos de Progressistas, PSDB e União Brasil também se concentraram nesta região. 


Por: trbn.com.br