Feminicídio foi cometido na frente dos filhos gêmeos do casal, que recebem tratamento psicológico. Já se passaram mais de dois anos desde o crime e Leonardo Ceschini continua em liberdade; advogados da vítima não acreditam que assassinato tenha sido motivado por jogo de futebol
A Justiça de São Paulo deve decidir nesta quarta-feira (1) se o empresário vai ou não a júri popular. Esta etapa do processo, chamada de audiência de instrução, deveria ter ocorrido em 22 de novembro de 2021, mas foi suspensa à época por determinação da Justiça. A juíza Marcela Raia de Sant’Anna, 5ª Vara do Júri, atendeu pedido do Ministério Público (MP) e adiou a audiência para que fosse realizado um laudo psicológico nas filhos gêmeos do casal.
As crianças estavam no apartamento em que os pais moravam no momento do homicídio. Elas tinham cerca de 2 anos naquela ocasião. O exame indicou a possibilidade de os garotos terem visto o crime.
“Com relação ao laudo psicológico das crianças, existe ali indícios de que eles de fato tenham presenciado o assassinato da mãe. Eles continuam em tratamento”, disse o advogado Epaminondas Gomes de Farias.
A audiência de instrução serve para a Justiça decidir depois se há indícios de crime para levar o réu a julgamento popular. A magistrada começará ouvindo os depoimentos das testemunhas do caso. Por último, o réu será interrogado.
Relembre o caso
Leonardo é torcedor do Corinthians. Érica torcia pelo Palmeiras. O marido confessou o assassinato dizendo que os dois tinham discutido no dia seguinte à final da Copa Libertadores, em 30 de janeiro de 2021, na qual o Palmeiras foi campeão ao vencer o Santos por 1 a 0, no Rio. E que ele a matou para se defender dela.
Vizinhos do casal acionaram a Polícia Militar (PM) depois de escutarem gritos no apartamento em que ele morava com ps gêmeos no bairro São Domingos. Érica foi encontrada ensanguentada e morta, caída no chão da cozinha. Após dar uma versão de que a esposa o tinha esfaqueado e cometido suicídio, Leonardo confessou o crime.
Ele falou que os dois tinham “desavenças devido cada um ser torcedor de time de futebol diferente”. E que a mulher o cortou com a faca, mas ele conseguiu pegá-la e a esfaqueou de volta, com “vários golpes que causaram a morte dela”.
O empresário chegou a ser preso em flagrante pela PM, mas foi solto em fevereiro de 2021 por decisão judicial. A alegação foi a de que o Ministério Público demorou para se manifestar sobre o caso.
Em julho de 2021, o MP denunciou Leonardo pelo assassinato. Naquele mesmo mês, a Justiça aceitou a denúncia contra o acusado, tornando-o réu no processo.
Quem é acusado por crimes dolosos contra a vida pode ser levado a julgamento popular, no qual sete jurados decidem se a pessoa deve ser condenada ou absolvida, cabendo ao juiz a aplicação da pena ou da sentença. Havendo condenação, a pena para assassinato pode chegar a 30 anos de prisão.
Para o Ministério Público, “é certo que o denunciado agiu valendo-se de motivo fútil, qual seja, simples discussão familiar fomentada por rixa esportiva. O crime também foi perpetrado com emprego de meio cruel, visto ter sido a vítima atingida por diversas facadas, suportando sofrimento atroz e desnecessário”.
Itens de Érica foram furtados
Após o assassinato, o sogro de Érica furtou do apartamento em que ela morava com Leonardo diversos itens, tais como: o carro dela, duas TVs, um micro-ondas, eletroeletrônicos e joias. O furto aconteceu enquanto o corpo da empresária era velado e sepultado.
“Existe algo mais por trás dessa morte”, disse o advogado dos familiares da vítima. “Para a família, a verdadeira motivação nunca teria sido jogo de futebol.” Entre os outros motivos possíveis estariam: problemas envolvendo o relacionamento de Érica com os parentes de Leonardo e questões financeiras, já que ela seria a principal provedora do lar do casal.
Por pragmatismopolitico.com.br
0 Comentários