Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, envolvido em tramas golpistas, é militar da ativa; ele está preso desde o dia 3 de maio






Foto: REUTERS/Adriano Machado



Membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que as investigações contra o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (PL), tornam a situação do militar da ativa “insustentável” no Exército. A informação compartilhada pelo blog da jornalista Andréia Sadi, para o G1, ressalta que uma possível expulsão da força só deve ocorrer depois de uma eventual condenação. 

Cid foi preso no último dia 3 de maio, no âmbito das investigações que apuram uma suposta fraude nos comprovantes de vacina do ex-presidente, do seu próprio e de outros familiares. A Polícia Federal (PF) também apreendeu o celular do militar, e a perícia foi inserida em outros inquéritos. 

No aparelho telefônico, por exemplo, foram encontrados documentos que dariam “suporte jurídico” para um possível golpe de estado após a derrota de Bolsonaro para Lula na última eleição. Entre eles, estavam uma minuta que anunciaria a declaração de estado de sítio no Brasil e outro de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). 

O documento ainda estava em construção; em alguns locais havia apontamento para tratar de forma sucinta sobre decisões vistas como inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Cid afirmou que todas as manifestações serão realizadas nos autos do processo. 

O Estado de Sítio é um instrumento que pode ser utilizado pelo presidente para suspender temporariamente os direitos e as garantias dos cidadãos. O Legislativo e o Judiciário ficariam submetidos ao Executivo. Já o GLO é uma operação que permite ao presidente convocar as Forças Armadas em graves situações de perturbação da ordem. 

A revelação das conversas entre Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o coronel Jean Lawand Junior, na época subchefe do Estado-Maior do Exército, que indicam a preparação de um golpe de estado são "absolutamente terríveis". É como define a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do 8 de janeiro em Brasília, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). "(Nas mensagens) ele estimulava, incentivava, cobrava, de forma muito intensa, a necessidade de implantação de um golpe no Brasil", diz a senadora, que encaminhou um requerimento para ouvir os envolvidos. 

Em entrevista exclusiva ao Correio, a senadora ainda defendeu que a permanência do senador Marcos Do Val (Podemos-ES) no colegiado é temerária. Ela avalia que o senador faltou com as responsabilidades necessárias ao cargo. "Acho que o próprio senador deveria ter a atitude de pedir a saída da comissão", opina. Do Val faz parte do inquérito que apura as depredações ocorridas em 8 de janeiro, cuja investigação corre em sigilo. Nesse sentido, Eliziane explica que seu plano de trabalho não compreende a solicitação de informações sigilosas do Supremo Tribunal Federal (STF). A relatora acha problemático a comissão ter esses documentos na sua sala cofre com integrantes sendo investigados e com a possibilidade de vazamentos, o que poderia comprometer as investigações. 

Fonte: Estado de Minas