No último dia dez a Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) formalizou seu apoio à candidatura à reeleição de Anilton Bastos (PDT), antigo desafeto dos petistas a quem, muitas vezes, o partido da estrela imputou a condição de demagógico, burguês e totalitário.

A enigmática decisão do PT mostra-se olimpicamente insensível ao seu passado de lutas homéricas em favor de um estado democrático e participativo cujos princípios se assentam em um sistema autogerido pelo povo.

Em suma, o PT local rasgou a sua história socialista em detrimento de barganhas pessoais; barganhas estas que permitirão aos cavilosos senhores dos anéis petistas imiscuírem-se em decisões que antes repudiavam.
Catapultado pelos projetos autoritários e personalistas do deputado Paulo Rangel, o PT de Paulo Afonso engendra uma marcha regressiva às políticas de esquerda projetando uma imagem horrorosa de si próprio.

Diante da falta de mérito de soerguer-se da lama na qual se chafurdou, o PT alia-se ao que existe de mais abjeto na política contemporânea: a empáfia da extrema-direita que rema contra os avanços democráticos.

Os verdadeiros e respeitáveis petistas, que estão alheios às transgressões que grassam na legenda, parecem já não ter forças para confrontar o misto de palhaçada e conspiração que domina o partido.

A atitude do PT de Paulo Afonso me fez lembrar do “Ambiente de Festival”, discurso proferido por Caetano Veloso em 1968 no Festival da Canção da Rede Record:
Mas, é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir este ano uma música, um tipo de música que não teriam coragem de aplaudir no ano passado. Vocês são a mesma juventude que vai sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem”.

Adaptando a fala do poeta baiano ao comportamento petista leia-se, no lugar de juventude e música, corja e palhaçada respectivamente e teremos, pois, uma perfeita analogia.