Para Fernanda Melchionna, do PSOL, "traição" do DEM a Rodrigo Maia "só mostra o fisiologismo dos partidos burgueses" e "o velho balcão de negócios"



Conhecedor dos obscuros bastidores do carlismo na Bahia, o deputado Afonso Florence (PT-BA) não se supreendeu com a atuação de ACM Neto, presidente do DEM, traindo Rodrigo Maia (DEM-RJ) e negociando diretamente com Jair Bolsonaro (Sem Partido) cargos para liberação da bancada da sigla para apoio a Arthur Lira (PP-AL) na eleição ao comando da Câmara.

“DEM, ‘filhote da ditadura’, tem DNA golpista. Foi participante, de primeira hora, do golpe de 2016. A escolher entre um “centro” mirando 22 e o bolsonarismo, escolheu ficar com Bolsonaro. Como Bolsonaro apoiou Lira, ACM Neto golpeou Baleia pelas costas e ficou, onde nunca saiu, ao lado de Bolsonaro, e do golpe”, afirmou Florence à Fórum.

Segundo ele, o campo progressista segue apoiando a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), candidato lançado por Maia, e espera que haja segundo turno para que o medebista possa ser eleito e cumpra com a promessa de pautar o impeachmento de Bolsonaro

“Optamos, por maioria democrática, derrotar Bolsonaro. E, defendemos um programa pautado na defesa da vacinação e de combate à pandemia; da democracia; do auxílio emergencial e do Bolsa Família. Além disso, é fundamental que a Câmara instale Comissão Especial para analisar os crimes de Bolsonaro. Se houver segundo turno, o que acho que acontecerá, intensificaremos a campanha, aberta, do nosso candidato, e dos compromissos que ele assumiu conosco. Tenho esperança de ganharmos”, disse.

PSOL
Fernanda Melchionna (PSOL-RS) afirma que a “traição” no DEM só revela os meandros da velha política, que nunca foram abandonados por Bolsonaro e pelo centrão.

“A saída do DEM do bloco só mostra o fisiologismo dos partidos burgueses que são capazes de fortalecer o candidato do Bolsonaro na Câmara pelo velho balcão de negócios”, afirmou à Fórum.

Pelas redes sociais, Fernanda diz que sempre foi “clara” em seu posicionamento: “: voto tático anti-Bolsonaro e nenhuma ilusão na burguesia”.

A deputada, no entanto, diz que segue a decisão da maioria do partido, que lançou candidatura da veterana Luiza Erundina (PSOL-SP), mas ressalta que a decisão do DEM reforça a possibilidade da ala bolsonarista vencer a eleição na casa já no primeiro turno.

“Debate superado porque tem decisão da executiva. Mas esse fato só reforça a possibilidade do Bolsonaro vencer em primeiro turno.E a família Bolsonaro comemorar essa ‘vitória’ é péssimo. Mas enfim luta que segue”, tuitou, ao responder a seguidor.

Também pelas redes sociais, Talíria Petrone (PSOL-RJ) defendeu uma debandada do campo progressista em apoio a Erundina.

“A oposição de esquerda ainda pode mostrar seu valor. Uma candidatura que paute o impeachment, a continuidade do auxílio emergencial e a vacinação pra todos já faz diferença. Os maiores partidos da esquerda abdicaram de lançar um nome. Teria apoio do PSOL. Agora é
@luizaerundina”, tuitou.

Segundo ela, a decisão do DEM de abandonar Baleia deixa “evidente que projetos ocos e alianças vazias não conseguirão derrotar Bolsonaro”.

“Se anuncia uma derrota sem luta, um pragmatismo sem resultados práticos. Baleia se confunde com Lira e por isso é fácil comprar seus aliados”.