Para eleger Arthur Lira (PP) presidente da Câmara, Bolsonaro monta bunker e coloca à disposição “verba extra” de R$ 636 milhões para garantir votos no PSDB e DEM


O presidente Jair Bolsonaro admitiu, na manhã desta quarta-feira (27), que o Palácio do Planalto atua para fazer do seu candidato, Artur Lira (PP-AL) presidente da Câmara dos Deputados.

“Viemos fazer uma reunião aí com 30 parlamentares do PSL e vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara, com estes parlamentares”, disse Bolsonaro, na porta do Palácio do Alvorada, em encontro com seus apoiadores.

Ainda nesta quarta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a interferência de Bolsonaro na disputa pelo comando da Casa terá “sequelas” para qualquer lado.

“É um alerta aos deputados e deputadas de que a intenção do presidente é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto, o que enfraquece o mandato de cada deputado e de cada deputada e principalmente o protagonismo da Câmara dos Deputados no debate com a sociedade”, disse.

Maia afirmou que a declaração de Bolsonaro é a prova da necessidade de que o presidente da Câmara precisa ser alguém com equilíbrio e que saiba dialogar. Essa pessoa, diz, seria seu candidato Baleia Rossi (MDB-SP).

“Verba extra” para DEM e PSDB

Segundo reportagem publicada pelo nesta quinta-feira (28) pelo jornal O Globo, Bolsonaro está oferecendo verba “extra” para comprar votos de deputados do PSDB e do DEM na tentativa de eleger Arthur Lira (PP-AL).

Para manter a fidelidade de alguns parlamentares dos dois partidos que já têm indicados ocupando cargos no governo, o presidente está oferecendo dinheiro “extra” para municípios indicados por eles, fora da cota prevista nas emendas parlamentares. O montante chega a R$ 636 milhões.

“Pela conta que eu fiz, e pelo orçamento que nós teremos para 2021, pelo que eu já vi que o governo está prometendo junto com o seu candidato, vai dar pelo menos uns R$ 20 bilhões de emendas extraorçamentárias. Eu quero saber em que orçamento para o ano de 2021, com todo o problema do teto de gastos, (terá espaço). (Como) eles poderão cumprir, se vitoriosos, essa promessa?”, indagou Rodrigo Maia.

Além da compra de deputados do DEM e PSDB, Bolsonaro está retaliando com a perda de cargos no governo parlamentares que sinalizam voto no candidato oposicionista. Flaviano Melo (MDB-AC), Hildo Rocha (MDB-MA), Fabio Reis (MDB-SE) e Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) perderam seus indicados por apoiar Baleia Rossi.