Diminuição do volume de água iniciada semana passada preocupa especialistas devido ao impacto nos ecossistemas

Vazão no Baixo Rio São Francisco passou de 2.500 m³/s para 1.100 m³/s após determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico - Foto: Adailson Calheiros

A redução de vazão do Rio São Francisco, iniciada na semana passada, já começa a causar impactos negativos no ecossistema com o registro de mortes de peixes. A vazão que passou de 2.500 m³/s para 1.100 m³/s após determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) preocupa ambientalistas e ribeirinhos.

Imagens feitas por pescadores da região mostram peixes mortos em áreas que ficaram secas após a redução de vazão. Outro problema que leva ao óbito das espécies é o estresse causado pelos impactos no ecossistema.

O doutor em Ciências Aquáticas e coordenador da Expedição do Rio São Francisco, Emerson Soares, pontua que espécies desovadas entre o fim do ano passado e o começo desse ano são as que mais sofreram.

“É uma das coisas que estão ocorrendo com essas bruscas quedas de vazões, os peixes que nasceram do fim do ano passado pra cá estão ficando presos e morrendo. O impacto é tremendo sobre o ecossistema, para a biota aquática e para os municípios e população ribeirinha”, pontua.

Emerson Soares enfatiza que o patamar atual pode ser comparado ao volume registrado em períodos de seca.

“Esse nível de vazão pode ser comparado aos períodos de seca. A faixa de operação das vazões está oscilando bastante e isso é grave para o ponto de vista do Baixo São Francisco, porque atinge a comunidade aquática, toda biota, todos os ribeirinhos e impacta muito na qualidade de água e na qualidade do ambiente. Eles praticam vazões que oscilam bastante e que diminui bastante. Então isso é inadmissível. O que a gente vem criticando é a diminuição de vazões gradativas. Isso é um impacto terrível pra o ecossistema, pra os organismos, para a população que planta, que retira água, abastecimento urbano, irrigação aqui no baixo”, aponta.

Conforme adiantou a Tribuna Independente na semana passada, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) Maciel Oliveira explicou que a diminuição de vazão é algo já previsto dentro da programação anual do rio. Entretanto, a condução é alvo de críticas uma vez que está ocorrendo de forma drástica sem considerar os impactos.

Segundo ele, o período úmido na Bacia de São Francisco, que é o período de chuva no oeste da Bahia e na região de Minas Gerais foi encerrado e é preciso manter um equilíbrio no uso dos reservatórios.

“Tem que ser levado em consideração a diminuição e o valor de diminuição. Não pode diminuir como está sendo de uma vez só quinhentos metros cúbicos. De 2.500 metros cúbicos por segundo para 1.100 porque causa um impacto muito grande, principalmente na navegabilidade e nas espécies aquáticas. Principalmente para os peixes e camarões porque essas espécies inclusive e os alevinos, que foram reproduzidos agora com a vazão alta do São Francisco com a cheia, eles podem morrer. Então pode causar prejuízos, prejuízos ambientais, na navegabilidade, também para o abastecimento humano na região da Foz do São Francisco, ou seja, os ambientais são os maiores prejudicados e a biota aquática com essa diminuição da vazão”, destacou.

Por tribunahoje.com